terça-feira, 29 de abril de 2008

CRÓNICA: PENSAR PARA QUÊ?

Viver não é nada, significa apenas um estar aqui para amanha ir-se embora. Relembrando as palavras que o meu Pai costumava dizer quando eu era uma adolescente, “somos iguais a velas acesas, lindas e brilhantes mas que a qualquer momento pode surgir um vento de não sei onde e nos apagar”.

A vida é um nada sim! Mas um nada que podemos transformar em muito. Partilhando as coisas mais belas que a vida alguma vês nos deu. Esquecendo, para isso, das coisas que nos entristece, que nos leva ao desespero, que nos aborrece.

Viver requer muita coisa, mas ao mesmo tempo nada. Se calhar requer muita coisa para quem quer seguir um único caminho sem cair na tentação de dar um desvio e ir beber no poço do vizinho.
Mas se isso acontecer talvez não tenhamos o prazer de desfrutar das coisas extravagantes que a vida nos oferece. Onde é que ficam as muralhas; os desafios; os desejos proibidos; os sonhos proibidos; onde é que fica aquela pessoa com aquele olhar que deixa transparecer o medo, o medo de ser apanhado a saltar a cerca.

A vida é bela, mas temos que saber vive-la. Saber o que queremos, as coisas que nos agrada, que cria em nos a motivação, que nos faz sentir feliz. São estas coisas que nos fazem pensar na vida como ela é e como queremos que ela seja.

Mas existe um grave problema: estamos num lugar onde todos querem “subir”, passando por cima das pessoas como se fossem escadas, para alcançar o lugar mais alto da colina; um lugar onde muitas preocupam-se apenas em levantar a cabeça e andar sem se preocuparem com o que está a passar ao lado; onde muitas são aqueles que ao chegarem em casa tem alguém à sua espera para lhe servir (na hora de satisfazer o estômago) enquanto que há pessoas que passam dia e noite acordadas a sonharem com o que dar ou fazer com o seu filho; um lugar onde fechem-se os olhos quando não é para fechar e abrem-no quando é para permanecer fechado… enfim, tudo isso nos faz pensar. Pensar nas desigualdades da vida, nas desigualdades do mundo. Problemas que nunca irão acabar.

São esses problemas que nos afastam cada vez mais uma das outras, que não nos deixa pensar no nosso irmão, muito menos desenvolver o nosso espírito de solidariedade. Problemas que, mesmo sem querer criamos, deixando o nosso irmão cada vez mais “problemático”.

Mas não pense muito a cerca do que acabei de escrever. Alias para quê pensar? Se pensarmos não fazemos nada porque a vida é um mar de rosas, mas se a levarmos tão a sério corremos o risco de nada fazer a não ser pensar, pensar, pensar, para não cometermos erros.
Erro por pensar demais, por planear demais, por imaginar demais, por sonhar demais com coisas que “nunca” irão acontecer. Temos um grave problema: pensamos por nós; agimos por nós e o resto que se dane. Esse é o nosso problema: pensar muito (no eu) e agir pouco (pelos outros).

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Tartarugas Marinhas existentes em Cabo Verde

Quem pensa que sabe tudo sobre tartarugas está muito enganado! Apesar de termos conhecimento que ela tem o corpo dentro de uma carapaça que a protege, ainda há muito mais para aprender. Uma coisa que de certeza muitos não sabem é que existem as tartarugas aquáticas e as tartarugas terrestres. A grande diferença entre elas é que umas têm barbatanas para nadar (e custa-lhes muito andar em terra) e as outras têm patas (e não gostam muito de água).

As tartarugas em geral formam um vasto grupo. E como forma de aprofundar o teu conhecimento resolvi publicar este texto extraído de um panfleto do INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DAS PESCAS, “Tartarugas Marinhas existentes em Cabo Verde”, com o lema “Proteger as tartarugas é preservar o nosso património”. Mas vamos ao trabalho! Aprender um pouco sobre as tartarugas. Este animal que é característico da Ilha das Dunas.

As tartarugas Marinhas
São répteis que surgiram há mais de 200 milhões de anos. O primeiro registo fóssil data de há 150 milhões de anos, já evidenciando várias características das tartarugas existentes actualmente, ou seja, são espécies que sobreviveram a mudança climáticas da terra sem transformações significativas.

As Tartarugas Marinhas existentes em Cabo Verde
No Arquipélago de CV encontram-se cinco das sete espécies de tartarugas marinhas identificadas:


Tartaruga Cabeçuda ou Vermelha (Caretta Caretta)

Cabo verde dispõe de uma das maiores populações do mundo. Reproduz-se em todas as ilhas, nas praias arenosas e tranquilas, com maior incidência na ilha da Boa Vista. Atinge 1,20 m de comprimento e pode pesar até 150 kg.

Tartaruga de Casco levantado (Eretmochelys imbricata)
Localizam-se juvenis nas ilhas de Maio e Boa Vista, principalmente nas formações coralinas na parte norte das ilhas. Pela beleza do seu casco é muito perseguida e caçada para confecção de pentes e objectos de artesanato. Atinge 90 cm de comprimento.

Tartaruga Parda (Dermochelys Coríacea)

Não é muito frequente nas praias de Cabo Verde; contudo, já se observam indivídios nas ilhas de Boa Vista, Santa Luzia, Santo Antão, Santiago e S. Nicolau. É a maior das espécies, chegando a pesar 800 kg e medir 2 m de comprimento.

Tartaruga Verde (Chelonia Mydas)

Encontra-se, principalmente, junto de costas rochosas em zonas de forte rebentação. Observam-se juvenis nas ilhas de Boa Vista, Maio, Sal, São Vicente, Santiago, São Nicolau e Santo Antão; atinge 1,50 m de comprimento e chega a pesar 250 kg.

Tartaruga (Lepidochelys Olivacea)

As observações dessa espécie limitam-se a indivíduos mortos ou doentes nas praias de Boa Vista e Sal. É a menos estudada das tartarugas marinhas. Atinge 1 m de comprimento e vive em pequenos grupos em baías rasas e próximas das costas.

Como se reproduzem as Tartarugas Marinhas?
>A fecundação é interna; as fêmeas são capazes de produzir a guardar um grande número de ovos;
>A fêmea põe aproximadamente 100 a 500 ovos por época de reprodução em várias posturas;
O período de eclosão dos ovos é de cerca de 50 dias;
>Estima-se que 1 a 2 crias em cada mil ovos sobrevivem até a idade adulta.
A nível mundial, estas espécies são consideradas como ameaças ou em via de extinção. Em Cabo Verde, o Decreto Regulamentar nº 7/2002 de 30 de Dezembro estabelece a protecção total deste grupo de espécies, proibindo a sua captura ao longo de todo o ano. No dia 23 de Maio de 2007, Dia Mundial das Tartarugas Marinhas, “World Turtle Day”.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A sobrevivência dos “Cabrers”

A Ilha das dunas apesar de ser uma Ilha direccionada para o turismo, ela é também uma das ilhas do arquipélago onde a agricultura, a criação de gado e a pesca ocupam um lugar muito importante no seio das populações. Mas nem tudo o que parece é. Boa Vista depende do turismo mas grande parte da população para poder sobreviver depende muito da agricultura, criação de gado e a pesca.

Actualmente a ilha das dunas passa por momentos considerados difíceis no que se refere a agricultura. A causa disto tudo é devido ao mau ano agrícola que se encontra na ilha, devido a fraca precipitação que se registou ao longo do ano. Sendo por isso a Boa Vista enfrenta alguns problemas em termos de produtos hortícolas frescos. A grande maioria dos produtos vendidos na ilha é proveniente das outras ilhas do arquipélago muitas vezes levadas pelos pequenos comerciantes que radicam na ilha a procura de melhores condições de vida.


Contudo, como forma de solucionar todos esses problemas apostar na agricultura através da rega gota-gota agora é o sistema dominado na ilha. Na realidade, na ilha da Boa Vista as propriedades agrícolas estão situadas quase todas junto das ribeiras, tendo em conta a qualidade de terreno.

sábado, 12 de abril de 2008

Mais vale tarde do que nunca

Hoje Sexta-feira, 11 de Abril, Boa Vista mais particularmente a zona norte da ilha (João Galego, Fundo das Figueiras e Cabeça dos Tarafes) acordaram com menos um problema por resolver. As populações destas 3 localidades que há muito tempo vem reclamando das condições de comunicação hoje vêem os seus desejos realizados. A rede móvel tanto esperada já se encontra nestas localidades.

Pelo menos no que diz respeito à comunicação esta já melhorou e muito isto porque até então a população comunicava apenas através dos telefones mas muitas vezes, este deixava os moradores na mão. É de realçar que a zona norte da ilha sofre bastante com interrupções nas linhas telefónicas o que dificultava muitas vezes a comunicação local e inter ilhas.

Lado engraçado

Infelizmente a população de João Galego, Fundo das Figueiras e Cabeça dos Tarafes não vai poder sorrir mais dos seus visitantes. É que muitas vezes, quando as pessoas das outras localidades vinham para o “Norte” desconhecendo ou esquecendo do pormenor fingiam que se encontravam a falar no telemóvel. A população sabendo que na zona não existia rede encarava a situação como sendo uma peça de teatro e o resultado: as pessoas riam-se da pessoa que envergonhada ia embora.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cuidod pa ca kei

Que sensação boa!
Quem me dera se era eu aí montado naquele burro.
Mas uma coisa é certo, isto faz-me lembrar dos tempos em que eu e os meus irmãos ia ajudar o meu pai na agricultura. A nossa horta era e é tão longe que muitas vezes doía o rabo de tanto ficar em cima do burro. Mas isso não era nada! Quantas vezes cheguei a esfolar o rabo, quantos tombos já levei, quantas vezes o burro já pisou no meu pé, quantos coice já levei etc. são coisas simples mas que marcam a nossa vida. Lembranças que nunca serão apagadas. Como diz a paulinha tudo tão simples mas special.

Eventos Culturais da Boa Vista

Varias são as festividades durante ano que animam a Ilha da Boavista.
  • 1º Janeiro – Celebrado em toda a ilha.
  • 6 de Janeiro - Festival dos 3 Homens, celebrado nas vilas João Galego, Funda das Figueiras e Cabeça dos Tarafes, com danças típicas e várias actividades sociais. Carnaval – Este momento é celebrado em toda a Ilha.
  • 3 de Maio - Celebra-se neste dia a libertação dos escravos. Procissões, manifestações massivas, paradas, marchas ao som de tambores e apitos são alguns dos momentos que marcam este dia.
  • 4 de Maio – Celebração de Pidrona.
  • 8 de Maio – A festa de S. Roque na Povoação Velha, com um procissão e dança.
  • 28 de Maio - Festival de "Cruz Nhô Lolo".
  • 13 de Junho – Festival de Santo António, composto de procissão em direcção a uma pequena igreja localizada no centro da ilha, perto da "Rocha de Santo Antonio".
  • 24 de Junho – Festa de São João Baptista na paroquia com o mesmo nome, desenvolve-se uma procissão que acaba com ofertas.
  • 4 de Julho – A principal Festividade desta Ilha visto ser o dia de Santa Isabel, Padroeira da Ilha da Ilha BoaVista. Por ser o dia do Município, é a maior festividade e pelo facto atrai muita gente de outras ilhas.
  • 15 de Agosto – A Festa de "Nossa Senhora da Piedade" que acontece na vila de João Galego.16 de Agosto – Festa de S. Roque.
  • Agosto/Setembro – Durante o terceiro fim-de-semana deste mês toma lugar o Festival de Musica da Praia de Santa Cruz, trazendo artistas das outras ilhas bem como artistas estrangeiros.
  • 8 de Dezembro – Na Povoação Velha celebra-se o dia da sua Padroeira a “Imaculada Conceição”.

Ao encontro da ilha paradisíaca

Boa Vista é a ilha mais oriental do arquipélago de Cabo Verde. Com uma superfície de 620 km2 mede de Norte a Sul um máximo de 31km e 29km de Oeste a Este. A capital da ilha que era explorada pelos ingleses, deve seu nome ao sal de qualidade royal que era exportado no século XIX.

Boa Vista é uma das ilhas de Cabo Verde cuja capital é a vila de Sal Rei. Tem cerca de 5000 habitantes. Hoje em dia a ilha é conhecida por ser uma vila tranquila de pescadores, de mar limpo e povo acolhedor. De qualquer maneira, a Ilha da Boa Vista em Cabo Verde tinha e tem uma beleza natural, com belas praias de mar, com vastas dunas de areia, um clima explendido e gentes carinhosas. A ilha é composta sobretudo por rochas sedimentares com afloramentos eruptivos numa aparência maioritariamente plana exceptuando as áreas de formação vulcânica em Figueiras de Rabil e de Fundo ou o Pico de Estancia com 390m de altura, o ponto mais alto da ilha.


Juntamente com as ilhas do Sal e do Maio, a Boa Vista é caracterizada por possuir uma paisagem e um clima marcado por ventos quentes oriundos do Sahara.
Da vegetação podemos encontrar inúmeras palmeiras e tamareiras por entre as dunas de areias brancas transformando-se em belas paisagens onde o branco da areia contrasta-se com o verde-esmeralda da água do mar dando cor ás praias lindíssimas.

História

Boa Vista foi descoberta a 3 de Maio de 1480, logo após as ilhas do Maio, Santiago e do Fogo. Inicialmente a ilha fantástica ou então ilha das dunas foi denominada de S. Cristóvão. No entanto o seu nome actual, Boavista, teve origem na exclamação de um marinheiro: “Capitão, Boa vista!!!” ao invés da tradicional frase “Terra à Vista!” demonstrando a sua alegria por ter avistado uma magnífica ilha após enfrentar uma temível tempestade.


A primeira povoação da ilha, Povoação Velha, foi estabelecida em 1920 quando um grupo de ingleses começou a extrair sal contribuindo significativamente para uma melhoria na economia da ilha, atraindo consequentemente outras indústrias, tais como tecelagem e cerâmica. A partir deste momento a ilha das dunas teve grande prosperidade chegando a ser um importante Centro Cultural do Arquipélago. Só que mais tarde, piratas atraídos pelos produtos manufacturados na Boavista descobriram esta ilha. Em 1815 e 1817 sofreu uma invasão e para proteger a ilha de tais ataques foi construído o Forte do Duque de Bragança em Sal Rei.


Em Agosto de 1842 foi publicado na Ilha da Boa Vista o primeiro número do Boletim Oficial de Cabo Verde, era uma publicação oficial de governo colonial dando conta de portarias ou decretos e outros assuntos relacionados com o desempenho da governação dessas ilhas.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

As “divas” Cabo-verdianas

Março mês de mulher. Tempo de prendas, flores, bombons,... Período em que supostamente as mulheres deveriam ser tratadas com muito amor, carinho, mimos por parte de que os rodeia. Mas porquê só o mês de Março? Mulher é um ser especial que faz uma das coisas mais belas do mundo, reproduzir. Ela vê e sente o desabrochar da sua flor, ela cuida da sua flor como se fosse a única do jardim; ela é a principal responsável pelas criaturas mais lindas e ninfas da face da terra. Sendo por isso este dia não deveria ter fim. Seria um dia eterno, onde as mulheres poderiam ser presenteadas pelos trabalhos realizados no decorrer da sua existência e aproveitar a oportunidade para fazer as coisas consideradas as mais extravagantes e belas que podemos imaginar. Um dia que deveria ser guardado num baú e jogado a chave lá no fundo do mar, sem que ninguém o pudesse encontrar e extraviar as recordações deste dia tão especial.

Mas nem tudo o que vemos é rosa. Esse dia que deveria ser especial, para muitos não o é. Março não passa de um mês igual às outras ou se não pior. Mulheres que são consideradas mãe e pai ao mesmo tempo batalhando para que o seu filho tenha uma educação digna; mulher que não tem um pão para dar ao seu filho quando este lhe peça; mulheres que passam dia e noite acordadas a sonharem com o que fazer com o seu filho; mulheres que não tem força mas mesmo assim lutam com garra para ver o seu filho crescer; mulher dona de casa vítima de violência domestica...enfim, tudo isso nos faz pensar. Pensar nas desigualdades da vida, nas desigualdades do mundo. Problemas que nunca irão acabar.
É claro que existe o outro lado da história, mas este todo o mundo já sabe, todo o mundo já está farto de ouvir, afinal é o lado lindo do conto de fadas.

Mas felizmente já estamos a melhorar. Hoje em dia, como a Sandra Fernandes salienta, podemos encontrar as mulheres nos mais variados postos de trabalhos e muitas vezes liderando a patrulha, lutando para que tudo dê certo e sair a ganhar. Este sim é o lado que merece aplausos: a mulher batalhadora que enfrente tudo e todos para conseguir o seu objectivo; a mulher que encara os preconceitos de cara levantada como se nada estivesse a acontecer; mulher que mesmo com o seu filho nas costas vai à luta; mulher que não deixa nada para depois se há a possibilidade de o fazer naquele instante. Para estes sim, um feliz mês de março, um feliz mês das mulheres e mil aplausos.