terça-feira, 7 de outubro de 2008

O regresso do CABRERS.BLOGSPOT.COM

Olá! Estás aí. Ainda bem. Porque Cabrers.bolgspot.com voltou. Sabes! Todo o mundo estava de ferias nós também resolvemos gozar de umas merecedoras folganças. Mas vamos ao que interessa! Após dias de descansos reiniciamos o nosso “mundo de narrações” com uma pequena crónica. Trata-se de um assunto que não é muito abordado pela população Boavistense hoje em dia, mas posso salientar que ela é merecedora de uma profunda reflexão, por isso, convido-te a embalar comigo nesta crónica que se segue.

O sorriso amarelo

Hoje vou falar-vos um pouco sobre um fenómeno que inquieta os boavistenses mas ninguém faz nada. Aliás, melhor dizendo, todo o mundo já está acostumado. O sorriso amarelo que toma conta da ilha das Dunas, particularmente a zona Norte.

É um sorriso que as pessoas são obrigadas a conviverem com elas pelo resto das suas vidas. Qual será o real motivo desse sorriso amarelo? A explicação científica não se sabe, mas a população encontrou para esse fenómeno uma justificação: a água que é ingerida.
Trata-se de uma água amarga, meio salgada assim como Kaka cantou na sua música “agua Saloba de nha terra”.

Na zona Norte e não só, nascemos, crescemos a beber a nossa famosa “agua Saloba”, portanto para nós não havia problema algum em ingeri-la enquanto que para alguém que vinha de outra localidade ou então outra ilha era impossível beber a nossa “água saloba”.
Talvez fosse por causa disso que quando bebíamos água engarrafada a diferença era como se a gente viajássemos de terra para a lua.

Mas retomando ao nosso “sorriso Amarelo”! Você sabe o que é conviver com esse problema? Não, nem podes imaginar. Mas eu vou dar-lhe algumas dicas. De certeza que muitas vezes você sentiu a necessidade tremenda de fazer algo mas não podia porque alguém ou alguma coisa o prendia ou então porque tinhas a sensação de que alguém estava a observar-te. Pois é, é assim que os “donos dos sorrisos amarelos” sentem.
São “obrigados” a esconderem o sorriso: por isso tapam a boca com a mão ao sorrirem, muitas vezes perante a alegria encolhem a “buxexa” ou simplesmente limitam-se a não sorrirem.
São quase “obrigados” a esconderem a alegria junto dos amigos, dos colegas, da própria população no geral. Na maior parte são pessoas com um bom aspecto físico para não dizer lindas (os) mas que carregam nas costas um grande receio. Receio em abrir a boca, em falar, “ki fari go sorrir”.

Lembro-me da viagem que eu fiz no mês de Agosto à ilha das dunas. Não sei se foi coincidência ou não. No barco fui sentar-me perto de uma jovem linda, com pele suave, cabelos finos, castanhos e cumpridos. No colo dela se encontrava um belo bebe recém-nascido. Ela era natural da ilha das flores. Mas como diz aquele ditado nem tudo é perfeito, ela também era portadora do “sorriso amarelo”. Mas nela havia algo diferente que despertou em mim um sentimento que nem sei explicar o que era. Isto porquê? Ela agia com naturalidade, sem receio algum. A reacção dela cativou-me.
Mas o mais interessante é que após alguns minutos de conversa ela já deixava transparecer a alegria – talvez por estar a conversar com uma “colega”. Naquele preciso instante sentimos cúmplices, companheiras, como se já conhecíamos há muito tempo. Sabes, quando encontramos alguém que contem algo semelhante a nós sentimo-nos próximos um do outro, mais protegidos e temos a tendência em depositar uma confiança nessa pessoa, jamais depositada noutra num curto espaço de tempo.

Ao desembarcar na ilha das dunas desejamos, uma a outra, sorte e sucessos e num olhar de cumplicidade cada “colega” seguiu o seu rumo.

Foi um dia, aliás uma noite, que me marcou e pelo qual não pretendo esquecer, mas sim adoptar como exemplo: nunca envergonhar de algo pelo qual a sua origem não é fruto dos nossos actos. A vida é maravilhosa, por isso, devemos fazer de tudo para que ela esteja sempre repleta de coisas boas, vale para isso, uma troca constante de sentimentos maravilhosos (amor, amizade, …)
Think about this.

domingo, 17 de agosto de 2008

Reflexões

Hoje mal consegui dormir. O pensamento apoderou-se da minha mente que quando dei por mim já era a hora de levantar. De certo que esta acção despertou em mim o quanto é imprescindível pensarmos antes a agir. Lembro-me que há uns meses atrás eu tinha escrito uma crónica intitulada “Pensar para quê”. Mas hoje eu vou fechar os olhos e marchar para trás em relação aquilo que eu tinha escrito naquela crónica. Isto porque?

É verdade quando eu digo que se a gente pensar nós não fazemos as coisas consideradas extravagantes que deixa em nós aquele frio na barriga por estar com medo de não sei lá o quê; não saboreamos o fruto proibido; não vemos pessoas a correrem e a saltarem murros; resumindo se a gente pensar nós não vivemos as coisas mais belas que a vida alguma vez nos deu.

É verdade sim, tudo isso. Mas por outro lado se pensarmos um pouquinho que seja de certeza que minimizaríamos dor, sofrimento, abandonos, perdas etc. que estes actos podem nos trazer.
Se pensarmos nos problemas ou nas consequências que determinados passos podem-nos causar de certeza que não o faríamos. Muitas vezes chegamos a pensar, mas é um pensar do momento que acaba por desaparecer logo no virar da esquina.
Quem sabe mais tarde eu faço;
Não! Amanhã;
Não, não! No fim-de-semana;
Não! No próximo mês;
Ah não! Fica pró ano que vem.

Se pensarmos muito corremos o risco de nada fazer a não ser procurar a conduta considerada correcta. Se não pensarmos fazemos asneiras e na maior parte das vezes ao acordarmos estamos no meio de um deserto sem água, sem comida, sem transporte, sem direcção. Onde está a saída? Não sei - Talvez não, talvez sim. Muitas vezes a saída está perto de nós, ao nosso alcance, nos é que não o vemos ou como se diz no crioulo “nó ta da pa dod” que não estamos a ver.

Pense nisso dear friends.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A história dos “Badios” e os Boavistenses

No jornal Expresso das Ilhas, edição 346 a notícia manchete foi "Badios" são "maltratados" e "discriminados", isto na ilha das dunas. A fonte de informação da notícia foi o edil da Câmara Municipal de Santa Cruz, Orlando Sanches.
Alguns comentários a cerca do assunto foram deixados no site Expresso das Ilhas, todos criticando esta discriminação por parte de alguns Boavistenses face aos “badios”. Alguém chegou ao ponto de levantar a hipótese de fazer o mesmo com os Boavistenses residentes na ilha de Santiago.

Mas eu levanto algumas questões! Já perguntaram aos Boavistenses porquê que estes não gostam dos “Badios”? Será pelo facto dos “badios” invadirem a ilha fantástica? O quê que os “badios fizeram para merecerem tal acto? Afinal o quê que se passa na ilha das dunas?
Estas são algumas das perguntas que carecem ser respondidas para que tudo isso possa ser esclarecida. Porque muitas vezes, a tendência é de escutar somente um dos lados envolvidos na história - afinal já temos uma versão a outra não é assim tão importante. Só que esquecemos que há a necessidade de contrastar os factos, sendo por isso é imprescindível as duas versões da história. Só assim poderemos, analisar, interpretar e chegar as conclusões necessárias.

De certo que o comportamento entre o pessoal destas duas ilhas necessita ser trabalhada. É claro que existe excepção para algumas regras. Assim como existe “badios” bem aceites pela população da ilha das dunas, existe aqueles que são mal vistos. Como diz os indivíduos da ilha fantástica tudo depende do comportamento do recém-chegado (pelo menos na zona Norte da ilha). “Há que saber chegar, bater e entrar na casa dos outros”.

Alguns eventuais motivos dessa discórdia vieram desde a chegada dos primeiros indivíduos de Santiago á ilha das dunas. Desde a implementação da 1º barraca na ilha – facto que contribui e muito para o desenvolvimento desse sentimento negativo entre pessoas das duas ilhas.
Na altura Boa Vista era uma ilha com pouca gente onde todo o mundo conhecia todo o mundo, todos eram amigos de todos, a população vivia estável, não havia a necessidade de trancar as portas e as janelas, não havia perigo nas ruas, nem sequer barracas etc.
Não é por ser da Boa Vista que estou a contar isto, mas sim por estar lá na altura, por viver lá e por presenciar certos comportamentos negativos.
-Um belo dia, num final de semana, um grupo de rapazes (“badios”) seguiram rumo ao Norte – foram dar um passeio. Na volta para a casa estes depararam com um grupo de cabras, não importando em saber quem era o dono, correram atrás dos animais e capturaram uma. Ao coloca-lo no carro alguém de Boa Vista chamou-os atenção e um destes respondeu: “É di bó? Si el é di bó bu bem toma.”
-Um certo dia também, um Sr. dono da sua horta foi ver se tudo estava ok no seu campo. Quando este chegou lá deparou com dois “badios” a cortarem as suas tamareiras e ele disse: “quer dizer ezot one nem mi nem buces ca ta cme tâmara”.

Mas assim como existe comportamentos negativos por parte dos “badios” existe também condutas negativas por parte dos Boavistenses.
-Um certo dia havia um “Badio” a vender vestuários de porta em porta. Chegando na casa de um conhecido meu, por não saber o nome deste chamou-o de papa. O Sr. extremamente irritado descompôs o vendedor só pelo facto de este dirigir a ele de uma forma que ele considerou propícia.
Situações do género acontecem todos os dias na ilha das dunas não somente entre indivíduos da Boa Vista e “Badios” mas também com os chamados “mandjacos”.

Mas a conclusão que se pode chegar é que se calhar o pessoal da Boa Vista não estava ou não está preparada para o desenvolvimento. Violência, pobreza, insegurança, roubos etc são “filhos” de desenvolvimento logo os Boavistenses terão que saber conviver com tudo isto. Há a necessidade de se consciencializar que a ilha está a desenvolver e este arrasta consigo tanto aspectos positivos como negativos.Prepara população de Boa Vista porque daqui a alguns anos Boa Vista será do mundo e não dos Boavistenses.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cabrer pastor e o Italiano

Hoje contrariando ao costume não vou escrever crónicas nem notícias, mas sim vou contar-vos uma pequena história que se passou na Ilha das Dunas entre um indivíduo da Boa Vista e um Italiano. Mas eu só vou contar a história se tu prometeres que vais sorrir. Vais sorrir! Ah! assim é que eu gosto. Ami mca ta conta xtoria que pa gent fca dboca ftchod, ta dom vergonha. Sbu ca gosta fingi mo bu gosta.
Então vamos lá.

Na Bubista tinha um Italion kta livaba si vida numa boa. Al tinha se casa, se animais etc. cosas que tud gent de parfora (pessoas do interior da ilha) tem. E sendo el um italion é clar que al ca tinha get quê pa cuida de se animais. Anton al contrata um mos de Bubista la de nha zona (Norte – João Galego) qué pa cuidaba el de se animais. Tud dia mos ta bába tra cmida pa da cabras, al ta daba es agua, tra leite, radja cabrit (coloca cabrite longe dsi mãe), quês cosa que quem dja vivé na comp sabé.

Um dia pa azar con mos ba pa cerc (lugar que gent ta po animal) al otcha cer caid na tchon, tud cabrit dja saíba de dent cerc dja baba otcha ses mãe – consequência as mama tud leite. Agnelo preocupod, al ca sabia o quê que al tava ta ba fla sr Armando. Al fazé tud o que al tinha pa fazé na cerc, cond al termina al segui rumo a casa de Armando. Tchegod la, cun cara feia que ta tchaba transparecé preocupação e desespero, Agnelo bá fala ma sr Armando. Mesmo na kel clima ou então pa sr Armando comprindia el drete Agnelo fala ma sr Armando tud na italion e el fla:
Agnelo: Armando hojes catenes letes.
Armando: Perché Agnelo.
Agnelo: perché cercos rombaros, cabritos zradjaros, mamaros tudo las letos.

Ah Italianos! Quer dzer Bubistense. Bu sabé bubista hoje em dia ta moda Itália e tud gent ta fala ou pelo menos ta kre fala italion, alguém iá fala bolinha...

sábado, 19 de julho de 2008

Lá vai o coitado do burro

1 de Janeiro de 2007
Ano novo, vida nova, experiências novas. É com base nesta frase que um grupo de Rapazes de João Galego decidiram fazer algo que ficasse marcado para a história desta localidade. O quê que resolveram fazer naquele dia? Imagina só, determinaram fazer uma grelhada de burro. Sim, isso mesmo! Grelhar o burro, aquele animal que tem orelhas grandes, 4 pés e serve para o transporte de cargas e pessoas pelo menos na ilha das dunas. Mas vamos ao que interessa!Lembro-me que era por volta das 9 horas da manhã, eu estava deitada na minha cama cansada depois de ter passado uma noite maravilhosa! Aliás era noite do fim de ano. Um grupo de rapazes entraram na nossa casa com uma barulheira que acabou por acordar todo o mundo – alias todo o mundo nada eu e a minha irmã Isa. Levantei-me meio “stramontod” e perguntei a minha irmã o que se passava. Ela com um ar meio surpreso e parecendo não acreditar respondeu-me: “arr ta bá mata burr pa cmê”. Eu surpresa e ao mesmo tempo contente porque afinal ia realizar o meu desejo. Isto porque todas as pessoas que comeram carne de burro disseram-me que esta era maravilhosa, logo criou em mim o desejo de experimentar.

Corri para a casa de banho, lavei o rosto, passei uma mão no meu cabelo, apanhei a minha câmara fotográfica digital e fui atrás dos rapazes. Descemos uma ribeira, conhecida por “rbirinha”, percorremos mais uns metros e chegamos ao ponto do encontro. Ainda não acreditando, eu e a minha irmã, as únicas mulheres presentes no acto, ficamos ali a observar mas ela acabou por desistir devido ao facto de não aguentar mais ver aquela cena.


Era uma coisa estranha, apesar de semelhante ao que acontece com os outros animais que já estamos acostumados a lidar. Talvez pelo facto de ser um animal muito grande. O que é certo é que dava arrepio ao ver os rapazes a esfaquearem o coitado do burro e ver todo aquele mar de sangue espalhado no chão. O animal lutava com toda a sua força para ver se conseguia escapar mas todo o esforço foi em vão.


A minha irmã arrepiou ao ver aquela imensidade de sangue no chão, parecia que os cabelos dela iam fugir. Mesmo assim no meio daquela cena chocante os rapazes encontravam forças para brincarem uns com os outros chegando a dizer: "panha tchala (titapa na badiu) pa pta sangue pa fazé botchada". Desanimada com a situação a minha irmã deu as costas e abandonu o local.
Para ela seria natural se aquele animal que estava ali esticado no chão a sofrer fosse uma cabra, uma vaca ou até mesmo uma galinha mas não, era um burro, um animal que serve simplesmente para o transporte e não para meter na panela quanto mais comer.


Após ter morto o animal, tiraram-lhe a pele, a cabeça e de seguida abriram-lhe a barriga e fizeram-lhe uma limpeza por dentro e depois esquartejaram-no. De certo que todo o material que não iria ser utilizado foi jogado fora, inclusive os rins, os pulmões, o coração e toda a ossada – estes eram para os animais.


A parte mais engraçada foi a chegada do grupo na localidade de João Galego. Meu Deus! Imagina você a confusão entre os prós e contra do acto que tinha acabado de ocorrer. Não queres? Pois, não o faça porque não o vais conseguir. Uma turma de um lado com expressões faciais conotando nojo; os prós todos sorridentes porque afinal iriam ser os primeiros na zona Norte a comerem carne de burro. O mais interessante que a explicação utilizada para os prós era o seguinte: “sno ta cme galinha kta cme na káka, lixe; sno ta cme porc kta cmé um mont dmer…, porque ke nó ca ta cmé burr ke ta cmé só padja”. Por um lado eles estavam certos, nos comemos galinha e porco que são dois animais sujos, posso assim dizer, que comem de tudo o que lhes passam pela frente porque não comer o burro que só alimenta da sua palhinha que ele encontra no chão e que o seu dono lhe dá. Se as pessoas me disserem que não o comem porque este não se encontra no nosso cardápio! Aí sim eu respeito a decisão de cada um porque este é um aspecto curioso e interessante. Lembro-me que mesmo querendo comer aquilo havia uma série de barreiras que para ultrapassa-las foi preciso um esforço enorme.


HORA MAIS ESPERADA


Depois da discussão ter acabado, de ter cortado e temperado a carne, “no tchal ta tma temper”, isto por volta dos 12:30. Às 5 horas da tarde segue a ora mais aguardada do dia. Uns para saborearem o gosto da carne de burro, outros para verem se as pessoas realmente tinham a coragem de comer a referida carne.


“Até quenfim” Chegou a hora! Dá para imaginar a quantidade de pessoas presentes naquela rua? Se não estou em erro 70% da população de João Galego se encontrava ali à espera. “Grilhada a vontade”. A cara de uns assemelhava a cara de quem estava comendo um bom prato de lazanha ou então um bife de vaca bem passado na frigideira, uma cabritada, enfim comidas que dão agua na boca só de pesarem nelas. Outros nem dá para descrever a cara porque se assim o fizer você que esta lendo esta história de certeza que vai sair correndo para a casa de banho. Mas continuando. Lembro-me que alguém apareceu e disse: “buces ta na zoológico” e um dos degustadores da carne do burro respondeu – “ primer animal li presente i bu pai kta li ta cme burr moda um doit”. Na verdade o pai desta pessoa pensava que aquela grelhada foi feita pensando nele. É que esta pessoa comia aquela carne que … nem sei como descrever. Parecia que ele não havia tomado café, tão pouco almoçado só para se preparar para o acto.


Os grelhadores – Arieta, Banet, Culit, Plera – estavam ali prontos para servirem os “clientes”. De certo que eu e a Banet a coragem nos faltou. Demoramos um tempo para saborear aquilo. Todo o mundo perguntava “Arieta dja bu cmê?” E eu respondia “sim”. “Anton manera qta” – “uma delícia” – respondia eu. O que é certo é que naquele momento eu ainda não tinha provado nada. É que de repente deu-me um nó na garganta que nem eu sabia explicar o que era.


Enquanto eu e os meus colegas estávamos ali no batente a grelhar, um bando de pessoas sorridentes e com “bocas bem ferozes” saboreavam a carne de burro. Parecia que estávamos num cinema: no palco os degustadores e os grelhadores de burro e ao redor o publico. Mas o triste da história é que a nossa peça não foi aprovada pelo público, infelizmente este não gostou da cena retratada no “filme”.


Quanto a mim, confesso que comi a carne mas o mais importante eu não soube fazer – não consegui degustar a carne. Talvez o receio por estar a comer uma coisa que não faz parte do meu dia a dia; comer um animal que eu utilizo só para montar e seguir rumo a “cabeça de curral doce” ajudar o meu pai e os meus irmãos na agricultura; ou então porque vivi toda aquela cena chocante do esfaqueamento do animal. Uma experiência nova que ficará marcada na minha memoria e na memoria da população de João Galego - 1 de Janeiro de 2007 data inesquecível.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Relembrando 1 de Janeiro de 2007

Finais do mês de Dezembro. Tempo de ferias. De tão empolgadas em passar os 15 dias junto dos familiares e amigos, nem deixamos a semana de aula terminar. Eu e a minha irmã Isa logo procuramos uma embarcação rumo a nossa ilha natal. Lembro-me que era uma quinta-feira. O dia não me-lembro, tão pouco a hora. Naquele preciso momento o que vinha a nossa mente era a chegada na ilha da Boa Vista. Uma chegada que não queria chegar. Sabes daqueles momentos quando estamos a espera de algo, e o tempo parece que não anda, pois é, era assim. Dormíamos, acordávamos e nada. O relógio nem sequer andava.

De repente alguém gritou: alá bubista la! Odja rotcha dstanja.
A multidão preocupou. Todo o mundo levantou com aqueles olhares, uns que dáva até arrepio, parece que a cara precisava passar por uma máquina de engomar para poder esticar a pele.


Enfim depois de um algum tempo o Barco apoiou-se no cais da ilha. Um bando de pessoas à espera. Não sei se iam procurar as suas cargas, familiares, amigos ou ate mesmo “fofocar”. O que é certo é que estas pessoas estavam todas de caras levantadas em direcção ao barco, como os burros nos dias de chuva – mas nesse caso não serve porque os burros nos dias de chuva ficam de rabo voltado para a direcção da chuva.


Descemos do Barco, cumprimentamos alguns amigos e conhecidos e de seguida entramos num carro e seguimos em direcção ao Norte, particularmente João Galego. Os 30 Km que separa esta localidade da Vila aproveitamos para refrescar a memória. As paisagens áridas do caminho Vila/Norte, as montanhas de “Pass Cont”, as ribeiras de “scriber” repletos de tamareiras e coqueiros, e aproveitamos também para avistar a Fátima logo à entrada de um novo caminho que leva-nos á localidade de Bofareira. Percorrendo mais uns Km. Chegando ao “cruz pret” aí se pode avistar as três localidades do Norte – João Galego, Fundo das Figueiras e Cabeça dos Tarafes.


A ansiedade era tanto que parecia que o carro não andava, que o caminho cada vez parecia mais longo. Fechamos os olhos e ao abrir deparamos com a entrada da nossa localidade querida - João Galego. Daí podes avistar o centro de juventude, a escola primária, a igreja, USB, tudo numa única rua recta – a tal famosa Rua Dreita de Tio Lino.


Numa localidade onde todo o mundo conhece todo o mundo, dá para imaginar a alegria dos amigos, dos familiares, dos conhecidos com a chegada das duas irmãs.
A partir desta data foi somente festas, paródias, convívios etc. mas há que realçar que a mais marcante foi a do dia 1 de Janeiro de 2007 – dia em que alguns rapazes de João Galego decidiram comer carne de burro. (bu cre sabé xtoria de cmida dburr? Fca sintonizod)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Santa Isabel na Ilha das Dunas

Fim-de-semana promete muita festa para a ilha das dunas. Sexta-feira, 4, é o dia do Município da respectiva ilha. As comemorações a este dia começaram desde a semana passada com alguns jogos de uril, basquetebol, bisca, andebol e futsal.

Algumas actividades já foram realizadas tais como o lançamento do livro de Geraldo Almeida que abarca o tema de Estudos sobre o Direito Cabo-verdiano e outros estudos jurídicos. Ainda nesta onda de festejos, Kim Alves, Magala, Neneu e Tuia proporcionaram aos Boavistenses uma noite de guitarra no final de semana.

De certo que muitas actividades estão por vir tais como exposições de pintura, artesanato, gala de vozes, assinatura de alguns protocolos por parte da Câmara e o tão aguardado concurso de beleza das formosuras da ilha (Miss Bubista).

No dia 4 em homenagem à Padroeira Santa Isabel será realizada uma procissão seguida de uma missa na Igreja da Vila de Sal Rei. Mas o ponto alto da festa do Município da ilha da Boa Vista é com a actuação dos Livity. Este grupo que marcou a época, vai levar ao povo Boavistense as musicas que determinaram o sucesso da banda prometendo assim sacudir o publico que vai estar presente.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

IMIGRANTES ILEGAIS NÀ COSTA DA BOA VISTA

Uma embarcação com cerca de 128 clandestinos foi encontrada, sábado, 28, na costa da ilha da Boa Vista. De entre os emigrantes na piroga 10 eram mulheres e havia entre eles 2 crianças.

Tudo indica que os emigrantes partiram da Guiné-Bissau e de vários outros Países da Costa Ocidental Africana. Um grupo de pescadores da referida ilha detectaram a embarcação e de imediato entraram em contacto com a guarda costeira.

Estes emigrantes fora transportado para a Cidade da Praia no Domingo, 29 de Junho, e encontram-se acolhidos na esquadra de Eugénio Lima e na de Achada Stº António.
Neste momento procuram-se identificar os clandestinos para depois reencaminhar estes aos seus referidos Países de origem.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Pegadinha do burro!

Ah nhas gent bur ta grita med dmucinhe, mucinhe ta grita med dburr. sima Bava ta fla "ok vergonha".
Mas spera! O quê que kel burr faze ta mete cabeça dente dkel corr? Será pegadinha dvera. Bom pegadinha ou não kel rapaz deve ser ta quas ta chichi na cueca, ou se djal ca fazé M...


segunda-feira, 23 de junho de 2008

Políticos e Media perdem credibilidade, diz Medina

Uma pesquisa não se constrói de uma ora para outra mas sim um resultado de um longo caminho e muitas contribuições. Ela alimenta-se de experiências que acontecem num determinado espaço de tempo e também se alimenta da época e do contexto histórico em que ele está inserido.
É com base nas experiências e vivências em Portugal que Daniel Medina, actualmente Professor da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde e do ISE, desenvolveu a sua tese de doutoramento em Ciências Politicas.

A Mediatização da Comunicação Politica defendida no dia 10 de Abril do corrente ano na Faculdade de Sociologia, Ciências Politicas e Administração da Universidade de Santiago de Compostela, Galiza foi apresentado ao público estudantil da Universidade jean Piaget de Cabo Verde na tarde de 19 de Junho.

O auditório da unipiaget encontrava-se repleto de alunos de Ciências de Comunicação e não só, para assistirem o Docente na apresentação de um tema, considerado por muitos, como sendo algo de grande interesse para a área tendo em conta que a maioria dos presentes serão futuros profissionais de comunicação social.

O ex-Director da Televisão de Cabo Verde, actual Director do Jornal de Cabo Verde na apresentação fez-se acompanhar do Presidente do Concelho Cientifico da Universidade - doutor Wlodziemierz Jozef Szymaniak .

De uma forma resumida a tese abarca o papel que as mediações sociais, discursivas, retóricas e argumentativas desempenham na acção comunicativa. Esta foi dividida em 8 partes onde destacar a relação entre os media politica e comunicação; a comunicação politica em diversos vertentes; comunicação politica, arte e influência; relação entre o espaço politico e opinião publica; marketing e comunicação política; a comunicação eleitoral numa campanha; televisão, poder e jornalistas; e por fim os contributos da sociologia para o estudo da comunicação política. Vale salientar que no decorrer dos capítulos procurou-se estudar o fenómeno da mediatização da política em Portugal e na Europa.Neste estudo há uma grande preocupação em saber quem influencia quem, os políticos face ao media ou vice-versa. O que é certo e que, segundo Daniel Medina, tanto os políticos como os meios de comunicação social estão a perder a credibilidade pois os políticos estão cada vez mais prudente e menos mediáticos.

Apesar do estudo ter sido desenvolvido na Europa este não impediu que no debate fosse abordo a realidade Cabo-Verdiana. No olhar de Medina os jornalistas Cabo-Verdianos deviam ser mais atentos e perceber mais as questões sociais pois em Cabo Verde os Jornalistas deixam muito a desejar, não atribuindo o espaço necessário aos políticos para este veicular as suas mensagens. Os jornalistas necessitam ser mais mediáticos exercendo assim a sua função de intermediário.

Os universitários mostraram alguma preocupação face ao assunto no que diz respeito á realidade Cabo-Verdiana. Durante a secção de perguntas e respostas estes apresentaram inquietações, duvidas e perguntas sobre a relação dos políticos e dos jornalistas em Cabo Verde. Mas como não se pode agradar a todos, há aqueles que mostraram um certo desagrado, isto devido ao facto do estudo “não ser adequado a nossa realidade pois seria muito mais interessante se esse abordasse a nossa politica, os nossos comunicólogos”.

No final Daniel Medina deixa uma sugestão: deixar os jornalistas exercerem a sua liberdade de expressão mesmo que cometem erros.

Em busca de soluções para a falta de chuva

Poucas coisas são consideradas para sempre. Amor de Mãe, carinhos e a amizade verdadeira dos amigos talvez não acabem. Mas a água, esse um dia trará graves problemas para a sociedade. Sendo por isso é urgente começar a repensar nesse liquido tão precioso.

Meditando neste aspecto no dia 17 de Junho - Dia Mundial de Luta Contra Desertificação - muitas actividades foram desenvolvidas, um pouco por todo o País, para comemorar este dia.
No 14º aniversário da convenção da luta contra a desertificação e a seca a Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD) entregou alguns materiais da rega gota-a-gota destinados a uma horta escolar que será instalada em João Varela. Também fez parte deste programa o lançamento da primeira pedra do Projecto “Desenvolvimento sustentável do Concelho de Ribeira Grande de Santiago” bem como a apresentação pública do projecto no Convento de São Francisco (Cidade Velha) e plantações de árvores.

Como é do conhecimento de muitos, Cabo Verde tem poucos recursos. As mais relevantes são a agricultura e a riqueza marinha que o arquipélago possui. Mas há que realçar que o primeiro é muito afectado pela seca. A agricultura é muito prejudicada pela falta de chuva.

Caso da Boa Vista

A Ilha das dunas apesar de ser uma Ilha direccionada para o turismo, ela é também uma das ilhas do arquipélago onde a agricultura, a criação de gado e a pesca ocupam um lugar muito importante no seio das populações. Mas nem tudo o que parece é. Boa Vista depende do turismo mas grande parte da população para poder sobreviver depende muito da agricultura, criação de gado e a pesca.

Actualmente a ilha das dunas passa por momentos considerados difíceis no que se refere a agricultura. A causa disto tudo é devido ao mau ano agrícola que se encontra na ilha, devido a fraca precipitação que se registou ao longo dos últimos anos. Sendo por isso a Boa Vista enfrenta alguns problemas em termos de produtos hortícolas frescos. A grande maioria dos produtos vendidos na ilha é proveniente das outras ilhas do arquipélago muitas vezes levadas pelos pequenos comerciantes que radicam na ilha a procura de melhores condições de vida.

Contudo, como forma de solucionar todos esses problemas apostar na agricultura através da rega gota-gota agora é o sistema dominado na ilha. Isto porque o sistema de alagamento já não é possível devido a pouca água existente nos poços. A rega gota-a-gota consiste no fornecimento de água em pontos específicos do terreno onde alcançará uma certa profundidade. Todavia vale salientar que as vantagens da utilização desse sistema são inúmeras. Entre elas podemos destacar a economia da água, a possibilidade de ser emprego em qualquer tipo de terreno, economia da mão de obra, a possibilidade de ter menos gastos nos fertilizantes, melhorias qualitativas e quantitativas das produções e maior facilidade na realização de operações no terreno das culturas.

Na realidade, na ilha da Boa Vista as propriedades agrícolas estão situadas quase todas junto das ribeiras, tendo em conta a qualidade de terreno. Mas este, segundo João Silva - Presidente da Associação dos Agricultores, tem o seu preço, “quando a chuva resolve beneficiar a terra, metade do trabalho é devastado pelas ribeiras”. É que tendo em conta que a estação chuvosa de Agosto a Outubro é muito irregular e com fraca precipitação, os agricultores preferem desenvolver as suas actividades perto das ribeiras por se encontrarem mais perto das nascentes.

João Silva salienta que como forma de minimizar estes problemas devido a falta de chuva, a Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente tem ajudado a população no que se refere a escavação de poços e “tanques” para a reserva de água. Mas por outro lado a Câmara Municipal da Boa Vista vem ajudando a população agrícola. Ainda este ano no mês de Março, o edil, José Pinto Almeida, beneficiou os agricultores da ilha, particularmente João Galego, Fundo das Figueiras, Cabeça dos Tarrafes, Rabil, Vila da Sal Rei e Estancia de Baixo com cerca de 35 motobombas para fazerem a extracção de agua destinada a rega e também com alguns materiais que permitam reforçar o alargamento do sistema de gota-a-gota. É de realçar que José Pinto Almeida já tinha doado anteriormente 30 motobombas.
Há que salientar que para alem da falta de chuva o aumento da temperatura está a afectar e muito as espécies de plantas que são cultivadas na ilha. Sendo por isso é necessário tomar medidas drásticas visto que “o pão-nosso de cada dia está com deficiências, e se tudo continuar assim o que será das nossas vidas e da educação dos nossos filhos”.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Nem à segunda sai a vitória

As eleições autárquicas de 18 de Maio de 2008 não trouxeram nada de novo para a ilha Fantástica. O candidato que há 8 anos lidera a Câmara Municipal voltou a ser reeleito pelos munícipes desta ilha. José Pinto Almeida continua a agradar o povo Boavistense.

Segundo os dados divulgados pela CNE (Comissão Nacional de Eleições) João Pereira Silva voltou a perder nas Eleições Autárquicas. Este que pela segunda vez vem concorrendo com o candidato do MPD, José Pinto Almeida, não obteve forças suficientes, outra vez, para chegar primeiro a meta.

É que de entre os 3.169 votos, João Pereira Silva obteve 1.023 o que equivale a 32,28%, enquanto que o seu adversário José Pinto Almeida obteve 2.146 votos equivalentes a 67,72%, atribuindo assim uma vitória com maioria absoluta ao candidato do MPD, José Pinto Almeida.

É de realçar que num total de 4.107 pessoas inscritos apenas 3.169 votaram, sendo que 40 votos foram anulados, 63 em branco e 835 optaram por abstenções.

De entre as 13 mesas de votos existentes no concelho da Ilha da Boa Vista nenhuma foi vencida pelo candidato do PAICV, João Pereira Silva, consequentemente nenhum vereador foi eleito. O MPD ao contrário do PAICV consegui eleger 5 vereadores.

Equivale relembrar que José Pinto Almeida encontra-se à frente da Câmara Municipal da Boa Vista desde o ano de 2000, portanto esta é a 3ª vez consecutiva que JPA é reeleito. Mas vale dizer também que em 2007 este foi considerado o melhor autarca do País devido ao trabalho que ele vem desenvolvendo na Ilha das Dunas.

Djô Pinto como é carinhosamente chamado pela população da Boa Vista diz que “há muito ainda por fazer” isto porque as propostas apresentadas durante as campanhas eleitorais não foram poucas.

As Eleições Autárquicas ocorridas a 18 de Maio do corrente mês atribuiram uma nova pinta a Cabo Verde. De entre o amarelo do PAICV e o verde do MPD há um destaque maior para o verde do MPD. Isto porque das 22 Câmaras existentes em Cabo Verde 11 pertencem ao MPD, 10 ao PAICV e 1 ao candidato independente da ilha do sal que é apoiado pelo MPD.

Eleições Autárquicas na Boa Vista - Resultados por Mesas

Concelho da Boa Vista - Resultados por Mesas

Mesa

Partidos

Câmara Municipal

Assembleia Municipal

BV-A-01

MPD

189

184

Vila De Sal-Rei - Escola Primaria

PAICV

139

148

BV-A-02

MPD

204

0

Vila De Sal-Rei - Biblioteca Municipal

PAICV

135

0

BV-A-03

MPD

207

0

Vila De Sal-Rei - Assembleia Municipal

PAICV

132

0

BV-A-04

MPD

223

210

Vila De Sal-Rei - Jardim Omcv

PAICV

133

149

BV-A-05

MPD

203

193

Vila De Sal-Rei - Liceu

PAICV

115

128

BV-B-01

MPD

209

201

Rabil - Club Africa Show

PAICV

47

52

BV-B-02

MPD

208

196

Rabil - Escola Primaria

PAICV

60

64

BV-C-01

MPD

190

180

Estancia De Baixo - Escola Primaria

PAICV

44

55

BV-D-01

MPD

73

69

Povoação Velha - Centro Social

PAICV

44

47

BV-E-01

MPD

90

85

Bofareira - Escola Primaria

PAICV

26

29

BV-F-01

MPD

205

207

João Galego - Escola Primaria

PAICV

41

37

BV-G-01

MPD

115

110

Fundo Das Figueiras - Escola Primaria

PAICV

64

65

BV-H-01

MPD

30

27

Cabeça Dos Tarafes - Escola Primaria

PAICV

13

14