segunda-feira, 23 de junho de 2008

Em busca de soluções para a falta de chuva

Poucas coisas são consideradas para sempre. Amor de Mãe, carinhos e a amizade verdadeira dos amigos talvez não acabem. Mas a água, esse um dia trará graves problemas para a sociedade. Sendo por isso é urgente começar a repensar nesse liquido tão precioso.

Meditando neste aspecto no dia 17 de Junho - Dia Mundial de Luta Contra Desertificação - muitas actividades foram desenvolvidas, um pouco por todo o País, para comemorar este dia.
No 14º aniversário da convenção da luta contra a desertificação e a seca a Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD) entregou alguns materiais da rega gota-a-gota destinados a uma horta escolar que será instalada em João Varela. Também fez parte deste programa o lançamento da primeira pedra do Projecto “Desenvolvimento sustentável do Concelho de Ribeira Grande de Santiago” bem como a apresentação pública do projecto no Convento de São Francisco (Cidade Velha) e plantações de árvores.

Como é do conhecimento de muitos, Cabo Verde tem poucos recursos. As mais relevantes são a agricultura e a riqueza marinha que o arquipélago possui. Mas há que realçar que o primeiro é muito afectado pela seca. A agricultura é muito prejudicada pela falta de chuva.

Caso da Boa Vista

A Ilha das dunas apesar de ser uma Ilha direccionada para o turismo, ela é também uma das ilhas do arquipélago onde a agricultura, a criação de gado e a pesca ocupam um lugar muito importante no seio das populações. Mas nem tudo o que parece é. Boa Vista depende do turismo mas grande parte da população para poder sobreviver depende muito da agricultura, criação de gado e a pesca.

Actualmente a ilha das dunas passa por momentos considerados difíceis no que se refere a agricultura. A causa disto tudo é devido ao mau ano agrícola que se encontra na ilha, devido a fraca precipitação que se registou ao longo dos últimos anos. Sendo por isso a Boa Vista enfrenta alguns problemas em termos de produtos hortícolas frescos. A grande maioria dos produtos vendidos na ilha é proveniente das outras ilhas do arquipélago muitas vezes levadas pelos pequenos comerciantes que radicam na ilha a procura de melhores condições de vida.

Contudo, como forma de solucionar todos esses problemas apostar na agricultura através da rega gota-gota agora é o sistema dominado na ilha. Isto porque o sistema de alagamento já não é possível devido a pouca água existente nos poços. A rega gota-a-gota consiste no fornecimento de água em pontos específicos do terreno onde alcançará uma certa profundidade. Todavia vale salientar que as vantagens da utilização desse sistema são inúmeras. Entre elas podemos destacar a economia da água, a possibilidade de ser emprego em qualquer tipo de terreno, economia da mão de obra, a possibilidade de ter menos gastos nos fertilizantes, melhorias qualitativas e quantitativas das produções e maior facilidade na realização de operações no terreno das culturas.

Na realidade, na ilha da Boa Vista as propriedades agrícolas estão situadas quase todas junto das ribeiras, tendo em conta a qualidade de terreno. Mas este, segundo João Silva - Presidente da Associação dos Agricultores, tem o seu preço, “quando a chuva resolve beneficiar a terra, metade do trabalho é devastado pelas ribeiras”. É que tendo em conta que a estação chuvosa de Agosto a Outubro é muito irregular e com fraca precipitação, os agricultores preferem desenvolver as suas actividades perto das ribeiras por se encontrarem mais perto das nascentes.

João Silva salienta que como forma de minimizar estes problemas devido a falta de chuva, a Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente tem ajudado a população no que se refere a escavação de poços e “tanques” para a reserva de água. Mas por outro lado a Câmara Municipal da Boa Vista vem ajudando a população agrícola. Ainda este ano no mês de Março, o edil, José Pinto Almeida, beneficiou os agricultores da ilha, particularmente João Galego, Fundo das Figueiras, Cabeça dos Tarrafes, Rabil, Vila da Sal Rei e Estancia de Baixo com cerca de 35 motobombas para fazerem a extracção de agua destinada a rega e também com alguns materiais que permitam reforçar o alargamento do sistema de gota-a-gota. É de realçar que José Pinto Almeida já tinha doado anteriormente 30 motobombas.
Há que salientar que para alem da falta de chuva o aumento da temperatura está a afectar e muito as espécies de plantas que são cultivadas na ilha. Sendo por isso é necessário tomar medidas drásticas visto que “o pão-nosso de cada dia está com deficiências, e se tudo continuar assim o que será das nossas vidas e da educação dos nossos filhos”.

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